Vítimas de racismo e de discriminação religiosa estiveram na noite de terça-feira (12/04) na Comissão Especial da Câmara Municipal que estuda os mecanismos para efetivar o Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e à Discriminação Religiosa em Campinas.
Os relatos, que chegaram a emocionar integrantes da Comissão e convidados, demonstram a importância da plena implementação da unidade, não só para recebimento e encaminhamento das denúncias, mas também para fazer o acompanhamento jurídico, social e psicológico das vítimas do preconceito.
“Ficamos chocados com o grau de violência racial. Isso mostra como parte da nossa sociedade ainda mantêm viva a prática do racismo. Com o relato das vítimas, vamos construir uma série de ações para que o Centro de Referência trabalhe com a sensibilidade que a causa exige”, disse o vereador Luiz Rossini (PV), presidente da Comissão.
Regina Maria Semião foi a primeira a relatar seu caso. Ele alegou que foi vítima de racismo em uma loja de uma grande rede de varejo. “Chamaram até a polícia. A humilhação é muito grande”. Além das questões judiciais e psicológicas, ela defende que o Centro de Referência tenha a participação efetiva da comunidade negra, e principalmente de mulheres negras.
Paula Carolina Batista contou que sofreu muito durante boa parte de sua vida por ter a “pele negra”. Mas relatou que recentemente foi vítima de preconceito em um instituto de beleza em um shopping de Campinas. “Na hora a gente fica atordoada. E até hoje dói muito”.
Já Celi de Fátima Santos Silva relatou como sofre preconceito diário por discriminação religiosa por pertencer à religião umbandista. “Sou chamada de macumbeira pelos meus vizinhos e no trabalho sou discriminada.”
O relator da Comissão, vereador Carlão do PT, sugeriu ao final da reunião que o Centro de Referência poderia criar condições para capacitar profissionais da comunidade negra a fim de promover o empoderamento dos negros para possibilitar a emancipação individual e a consciência coletiva necessária para a superação da dependência social e dominação política.