A Câmara de Campinas realizou no dia 02 de dezembro reunião solene para entrega do Diploma Noel Rosa, honraria criada pelo vereador Luiz Rossini (PV) para premiar personalidades, grupos e agremiações que tenham se destacado na divulgação, promoção, difusão e fortalecimento do samba.  A data coincide com o Dia Nacional e Municipal do Samba, comemorado em 2 de dezembro.

Receberam o diploma nesta sétima edição do evento o Grupo Samba do Presidente, o Núcleo Cupinzeiro, além de Andreia Preta, Fabinho Azevedo, Carlão Malandragem, Paulão do Baixo, Leninha, Nabé, e Lorde Edgard de Souza (in memoriam). Após a cerimônia oficial, os artistas agraciados fizeram uma verdadeira “festa” e apresentaram famosas canções da Música Popular Brasileira.

Luiz Rossini (PV), Gustavo Petta (PCdoB), Paulo Bufalo (PSOL), Rubens Gás (DEM), Carmo Luiz (PSC), e os ex-vereadores Jorge da Farmácia (PSDB) e Luis Yabiku (PSB) foram os autores dos projetos que concederam o Diploma Noel Rosa aos homenageados.

A solenidade aberta ao público foi realizada a partir das 19 horas no Plenário da Câmara, localizado na Avenida Engenheiro Roberto Mange, 66 – Ponte Preta. Foi transmitida ao vivo pela TV Câmara no 11.3 digital, canal 4 da NET, 9 da Vivo Fibra, e no Facebook.

Os homenageados

Samba do Presidente. É um grupo que reúne sambistas campineiros que tem como propósito a cultura do samba de mesa em comunidades periféricas da cidade. O projeto teve início em 2015 na região do Santa Mónica, zona norte da cidade, destacando-se por manter viva a tradição dessa autêntica cultura brasileira de forma acessível e descontraída. O grupo tem vocação social e solidariedade. Nas apresentações, arrecada mantimentos e roupas que posteriormente são doadas as famílias carentes.

Núcleo Cupinzeiro. Com 20 anos de trajetória o grupo nasceu em Barão Geraldo e hoje é um dos principais projetos de pesquisa e criação musical do Brasil. O Núcleo agrega diversas frentes de trabalho que geram diferentes produções: espetáculos, oficinas, rodas de samba, textos publicados e bloco de carnaval. Lançou quatro CDs, dois DVDs, e por conta de sua pesquisa com a música popular e pela qualidade do trabalho desenvolvido, já se apresentou em diversas regiões do Brasil e no exterior.

Andreia Preta. Cantora e compositora é uma das vozes mais importantes da música campineira. Não apenas pela qualidade inconteste de sua obra, mas também por sua atuação em defesa da classe artística e da cultura local. Dona de uma carreira sólida, completou 21 anos de estrada, cujo alcance pode ser percebido em todo o Estado de São Paulo. A cantora deu grande contribuição ao movimento do chamado “forró universitário”, passou pela MPB e consagrou-se como intérprete nas rodas de samba de Campinas. Como letrista e compositora de rara sensibilidade, é criadora intuitiva de melodias profundamente ligadas à tradição dos regionalismos brasileiros.

Fabinho Azevedo.  O artista é presença assídua na agenda dos principais bares, casas noturnas e eventos da região com notável paixão pela boemia campineira. Compositor há uma década do Nem Sangue Nem Areia, o músico foi o primeiro a conquistar três títulos consecutivos do samba enredo do bloco e arrastar uma multidão de mais de 5.000 pessoas pelas ruas da Vila Industrial nos anos de 2017, 2018 e 2019. Atualmente é o diretor musical do Nem Sangue Nem Areia, ajudando a produzir um dos mais marcantes carnavais de Campinas.

Carlão Malandragem. Participou de diversos grupos de samba e da música popular brasileira, como o Lamana, o Bando do Brejo, o Som Vox, o Pedra de Sal entre outras. Teve uma vida dedicada a várias escolas de samba da cidade. Entre elas o Samba Ubirajara, e depois na Escola Mocidade Independente, sendo campeão pelas duas agremiações. Foi responsável pela formação da bateria da Escola de Samba da Estação, de Amparo. Em 1975 uniu-se ao Lorde Edgar para montar os Acadêmicos do Samba. Também participou de uma das formações do tradicional grupo Originais do Samba.

Paulão do Baixo. Sua carreira no samba começou na década de 80 quando recebeu um convite do Grupo Tom Maior, formado na época por Cotinha, no cavaco; Badê no surdo; e os irmãos Reinaldo e Rinaldo, no rebolo e no pandeiro. Paulão participou da gravação do disco de vinil do grupo. Depois foi convidado pelo saudoso Beto Carioca para ingressar no Grupo Aparrô, no qual fez vários shows com grandes artistas de renome nacional como Jorge Aragão, Zeca Pagodinho entre outros.

Leninha. Vem de uma família de músicos. Sua mãe Ruth cantava na Rádio Mairinque Veigas juntamente com as cantoras Nora Ney, Linda Batista e Dalva de Oliveira. Sua irmã Celina do Amaral também cantava com o Raízes da Terra. Casada com Paulão do Baixo, começou a cantar aos 38 anos, quando seu marido tocava com o grupo de samba do falecido Nenão. Na época, os ensaios da banda eram em sua casa. Com Paulinho Neves, gravou o CD Bambas Regionais 1. Hoje, ela segue com o samba por meio de convites que recebe dos amigos para cantar, e faz parte mais uma vez do projeto Bambas Regionais.

Nabé. Embora tenha desenvolvido um senso musical harmônico pela convivência familiar, o que mais chamou sua atenção foi a percussão. O pandeiro, além de ter um som que lhe encantava, era o que mais ficava disponível. Como seu pai era admirador dos sambas antigos e também dos sambas-enredo da década de 1960 e 1970, o pandeiro era fundamental na formação do conjunto, o que lhe fez ir aprimorando cada vez mais a batida. Participa da noite campineira tocando em diversos bares. Um dos meus últimos trabalhos fixos foi no “Escuta o Cheiro”, em Sousas, onde ficou cinco anos seguidos.

Lorde Edgard (in memoriam). Teve uma vida dedicada à música, enfrentando barreiras e preconceitos em nome da profissão e do samba, seu amor maior. Foram muitas histórias, entrevistas, shows e lutas para manter vivo o sonho de levar a voz do samba a toda sociedade, até que em 2003 o silêncio chegou para a verde e branca. Seu fundador, acometido por um derrame, viu chegar a hora de parar. Passou então a dedicar-se unicamente ao “Flor de Lis”, onde trabalhou até sua aposentadoria. Em julho de 1997 foi homenageado em uma grande noite no Centro de Convivência Cultural, através do projeto “Encanta Campinas”. Sua história de vida seria um samba enredo, mas o projeto não se efetivou devido a fragilidade de sua saúde. Em janeiro de 2006, Lorde Edgard nos deixou, por complicações causadas pelo diabetes e insuficiência renal.