Os setores de geração de energia estacionária, transportes e resíduos são os responsáveis pela emissão de 90% de gases de efeito estufa (GEE) na Região Metropolitana de Campinas (RMC). Este é um dos resultados apurados pelo Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa e de Poluentes Atmosféricos da Região Metropolitana de Campinas, estudo conduzido pela Prefeitura de Campinas e que foi apresentado pelo prefeito Jonas Donizette. O vereador Luiz Rossini (PV), presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara de Campinas, representou o Poder Legislativo no evento.

O inventário foi conduzido, durante o ano de 2018, pela empresa Waycarbon com a participação do ICLEI (Governos Locais pela Sustentabilidade) e contou com o apoio das prefeituras dos outros 19 municípios da RMC. O trabalho foi licitado e pago pelo Fundo de Recuperação, Manutenção e Preservação do Meio Ambiente (Proamb) de Campinas, sob responsabilidade da Secretaria do Verde, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SVDS).

O prefeito Jonas Donizette observou a importância de todos os municípios da região terem participado da capacitação técnica para o processo. “O ar que respiramos não tem fronteiras e, agora, temos o ponto de partida para a tomada de decisões comprometidas com a questão das mudanças climáticas”, disse o prefeito.

“Campinas mostra mais uma vez porque tem se tornado ao longo ds anos uma referência nacional em termos ambientais”, afirmou Rossini. O vice-prefeito, Henrique Magalhães Teixeira, parabenizou o grupo pelo trabalho. “Estou muito satisfeito com as articulações em torno desse projeto que levaram aos elementos necessários para a tomada de decisões”, disse.

Resultados

A RMC emitiu, no ano base de 2016, um total de 11.218 milhões de toneladas de GEE, o que a caracteriza como uma região de perfil urbano. De acordo com o estudo, o setor que mais emite é o de energia estacionária, ou seja, aquele que usa a queima de combustíveis fósseis para a geração de energia, com 42,7% das emissões totais na região. São exemplos deste segmento o consumo de energia elétrica e consumo de combustíveis em residências, comércios, instituições, indústrias e áreas rurais; produção de energia e abastecimento de rede; indústrias de geração de energia do polo petroquímico de paulínia.

Em segundo lugar está o setor de transportes (terrestre, ferroviário e aéreo), com 41,7% das emissões e, em terceiro, o setor de resíduos (disposição final ou tratamento dos resíduos sólidos, incineração dos resíduos da saúde), com 9% das emissões. Esses setores somados são responsáveis por mais de 90% das emissões da RMC.

Municípios

De todos os gases de efeito estufa lançados na RMC no ano de 2016, o município de Paulínia (devido ao polo petroquímico) foi responsável pela emissão de 38,5%; e Campinas, de 23,2%, os maiores da região.

O estudo mostra, ainda, que em Campinas, 60% das emissões de poluentes têm a frota de veículos como fonte geradora. A cidade representa 42% da frota total da região metropolitana, com mais de 1,2 milhão de veículos.

O desenvolvimento do trabalho incluiu a capacitação de técnicos das prefeituras da RMC, coleta de dados e cálculos de emissão de gases com o uso de softwares específicos. De acordo com o secretário da SVDS, Rogério Menezes, com os resultados em mãos, tem início a segunda etapa do projeto, que é detalhar planos de ação e elaborar projetos de lei para medidas que deverão ser implantadas na região.

“O inventário nos fornece uma linha de base para acompanhar a evolução das emissões ao longo dos anos, monitorar suas fontes e, assim, auxiliar na formação de políticas públicas mais efetivas para mitigação dos impactos das mudanças climáticas na região”, afirmou Menezes.

Justificativa

As emissões dos gases de efeito estufa são responsáveis por intensificar o fenômeno da mudança do clima global, que pode ocasionar impactos relacionados à crise hídrica, perdas na agricultura, aumento de suscetibilidade a doenças tropicais e podem prejudicar a qualidade de vida da população.

Já os poluentes atmosféricos, quando encontrados em altas concentrações na atmosfera, podem desencadear problemas de saúde e causar impactos ao meio ambiente e na infraestrutura urbana.

Metas

Além do cálculo de emissões, o projeto também teve como objetivo engajar os agentes locais na construção de metas e planos de ação ao enfrentamento das mudanças climáticas.

Em termos do Plano de Ação, foi definida que a RMC deve reduzir suas emissões em 31,6% até 2060. Para a assessora técnica de Projetos do ICLEI América do Sul, Iris Coluna, deve-se elaborar uma política regional de enfrentamento à mudança do clima para atingir a meta traçada. “Sugerimos também a criação de uma Câmara Temática de Mudança do Clima e Resiliência dentro da AGEMCAMP, já aproveitando a estrutura que existe, além de um Comitê/ Fórum regional para articular importantes atores, deliberar e dar encaminhamentos sobre o enfrentamento a mudança do clima na região”, complementou.

“A mudança do clima é um dos maiores desafios dos nossos tempos. Temos que agir para não chegarmos a uma situação à qual não possamos mais nos adaptar”, disse a gerente de Relações Institucionais, Comunicação e Estratégia do ICLEI América do Sul, Bruna Cerqueira.

Segundo especialistas, entre as maneiras de reduzir as emissões dos gases de efeito estufa estão diminuir o desmatamento, investir no reflorestamento e na conservação de áreas naturais, incentivar o uso de energias renováveis não convencionais, reduzir o consumo de energia, primar pela eficiência energética, praticar a política dos 3r’s (reduzir, reaproveitar e reciclar materiais), empregar tecnologias de baixo carbono, melhorar o transporte público com baixa emissão de gases de efeito estufa.

O Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa e de Poluentes Atmosféricos da Região Metropolitana de Campinas está disponível no endereço http://www.campinas.sp.gov.br/governo/meio-ambiente/emissoes-gases-efeito-estufa.php .

Histórico

O Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa e o Plano de Ação de Enfrentamento à Mudança do Clima são o resultado de um longo processo que começou em 2015, quando Campinas se associou à rede ICLEI. No mesmo ano, foi lançado o protocolo de intenções para a elaboração do inventário e do plano celebrado entre Campinas e os demais municípios da Região Metropolitana.

Em 2016, foi lançado o Projeto Básico, documento norteador para a contratação com diretrizes e exigências; e, em 2017, aconteceu a contratação da WayCarbon e subcontratação do ICLEI para a elaboração do inventário. Em 2018, foram iniciadas as atividades e foram realizados seminários, capacitações, oficinas (para a elaboração do Plano de Ação) assim como uma consulta pública com os resultados do inventário.