A Câmara aprovou Projeto de Lei de Rossini que reconhece o “Boquinha de Anjo” como Símbolo Gastronômico e Cultural de Campinas. O lanche disposto em uma técnica de corte longitudinal é utilizada para deixar o sanduíche em vários pedaços, facilitando o compartilhamento e o consumo.

Assim o “Boquinha de Anjo” se junta a outras iguarias que já ocorre com alguns sanduíches famosos do Brasil: o Bauru, que leva o nome da cidade de origem, e o Pit Dogs, de Aparecida de Goiânia, já são reconhecidos como patrimônio nos respectivos municípios.

“A ideia para que aconteça esse reconhecimento veio da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes, a Abrasel, com o objetivo de dar maior identidade e distinção ao Boquinha de Anjo, conhecido em todo o país e até em outras nações, como a Espanha, por exemplo. E, a partir disso, promover festivais gastronômicos e atividades voltados ao prato que surgiu aqui em Campinas, na década de 1960. O Boquinha de Anjo é coisa nossa”, brinca Luiz Rossini.

Matheus Mason, presidente da Abrasel Regional Campinas, complementa: “Esse projeto irá preservar a memória da gastronomia local, rica em sabores e gostos. Diversas cidades e capitais brasileiras têm seu prato típico e Campinas tem o Boquinha. Queremos preservar essa história e buscar outras que possam enriquecer nossa cultura gastronômica, já que Campinas é hoje considerada a Capital da Gastronomia no Interior de São Paulo.”

História

O Boquinha de Anjo foi criado por funcionários da choperia Giovannetti, pelas mãos do então chapeiro da casa, hoje já falecido, conhecido como Moleza. Feito com pontas de peças de frios que não eram fatiadas, o lanche feito com pão francês era cortado em oito pedaços e inicialmente servido ao final do expediente para os funcionários.

Genilson Souza Urcino, gerente da unidade do Giovanetti Rosário, relembra a história. “Eram ‘juntadas’ as pontas dos frios que sobravam da noite – rosbife, muçarela, entre outros – e colocadas em um recipiente para fazer um lanchão para todos”, conta.

Pedro “Possante” João de Carvalho, hoje com mais de 80 anos e à época funcionário do Giovanetti, completa a narrativa. “Como o lanche era muito volumoso, cortávamos em pedaços menores para podermos compartilhar com todos”, lembra.

Pouco depois, o lanche foi colocado no cardápio, especialmente para o público feminino, ganhou maior popularidade e ficou o mais famoso entre os clientes. A novidade lançada pelo Giovannetti também acabou se espalhando no decorrer das décadas por outros bares e botecos de Campinas e conquistou prêmios nacionais de festivais gastronômicos, chegando posteriormente a cidades de outros países, como a metrópole espanhola Madrid.