Um quarto dos atendimentos realizados pelo Centro de Referência em Direitos Humanos na Prevenção e Combate ao Racismo e à Discriminação Religiosa de Campinas teve ligação com crianças vítimas de racismo em escolas municipais e estaduais.

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A revelação foi feita pela pedagoga e coordenadora do serviço, Jacqueline Damázio Armando, durante reunião da Comissão Especial Estudos da Câmara Municipal que avalia os mecanismos necessários para efetivar e melhorar a infraestrutura da unidade ligada à Secretaria de Cidadania, Assistência e Inclusão Social e do Departamento de Cidadania.

Além de dar acolhimento às crianças que sofreram racismo, o Centro de Referência foi obrigado a falar com a direção dessas unidades educacionais. “Em todos os níveis o crime de racismo machuca e abre feridas. Em crianças o quadro se agrava ainda mais, pois pode levar à depressão e o desejo do aluno não querer mais ir às aulas”, relatou Jacqueline.

Para o vereador Luiz Carlos Rossini (PV), presidente da Comissão Especial, o relato é muito sério e chega a ser “assustador”. “Precisamos ter uma intersecção maior com a secretaria municipal e estadual de Educação no sentido de definir políticas públicas concretas para essa área.”

Em 50 dias de atividade do serviço, foram 12 atendimentos, o mesmo número do Centro de Referências com as mesmas características de São Paulo, inaugurado duas semanas antes da unidade de Campinas.

Jacqueline reconheceu que a unidade ainda não está com sua completa configuração. Hoje existem apenas dois profissionais. Mais um servidor com formação em Direito, se juntará ao grupo em breve para ocupar a função de Relações Sociais. O serviço funciona na Avenida Francisco Glicério, 1269, das 9h às 17h, de segunda à sexta, com o Disque 100, durante 24 horas.

A comunidade negra questionou, durante o encontro, o reduzido espaço de atendimento e a falta de uma equipe mais capacitada e multidisciplinar no Centro de Referência. Maurílio Ferreira da Silva, ativista da área, mostrou preocupação em relação à falta de previsão orçamentária para efetivação do serviço, bem como a falta de estrutura.

“Nosso relatório vai aprofundar todas essas discussões. Queremos apresentar uma série de sugestões para que o Centro de Referência seja um modelo para Campinas e para o Estado de São Paulo”, finalizou Rossini.