Em comemoração ao Dia Nacional do Samba, a Câmara de Campinas entrega nesta quinta-feira (03/12) pela segunda vez o Diploma Noel Rosa, homenagem criada pelo vereador Luiz Carlos Rossini (PV) para ser concedida a sambistas, a grupos de samba ou a agremiações que tenham se destacado na divulgação, promoção, difusão e fortalecimento do samba na cidade.
Desta vez serão homenageados Edinho Tio Beiço, Berto Júnior, Ari Costa, Ilcéi Mirian, Aureluce Santos, Paulino Neves, Ciro José, Juninho Fortaleza e Nenão do Pandeiro (os dois últimos in memorian).
A premiação visa valorizar os artistas locais que tentam manter viva as raízes e as tradições dessa genuína manifestação da cultura brasileira na cidade de Campinas. A reunião solene de entrega da homenagem está marcada para as 20 horas no plenário da Câmara Municipal, na Avenida Roberto Mange, 66 – Ponte Preta. Os artistas agraciados prometem fazer uma verdadeira “festa” e apresentar famosas canções da Música Popular Brasileira após a cerimônia oficial.
Além de Rossini, os vereadores Gustavo Petta (PCdoB), Aurélio Cláudio (PDT), Luis Yabiku (PDT) e Jeziel Silva (PP) foram os autores dos projetos que concederam o Diploma Noel Rosa aos sambistas.
Os homenageados
Juninho Fortaleza (in memorian). Vindo de uma família de músicos e nascido em Fortaleza, no Ceará, Juninho Fortaleza cresceu embalado pelas melodias que enchiam seu lar. Inspirado em seus parentes, verdadeiros boêmios, foi trilhando o caminho musical. Na adolescência frequentava a quadra do maracatu “Ás de Ouros”, um dos mais tradicionais de Fortaleza, do lendário “Tio Juca do Balaio”. No ano de 1974, mudou-se para Campinas, fixando residência na Vila Teixeira, bairro tradicional do samba e do futebol. Bairro este, semelhante ao Jardim América em Fortaleza. Por ser frequentador das escolas de samba, foi convidado a compor sambas de enredo, se tornando um dos seus maiores prazeres na música. Hoje, tem seus sambas cantados em algumas das escolas de Campinas e região.
Nenão do Pandeiro (in memorian). Natural de Campinas, Nenão do Pandeiro era conhecido por sua voz inconfundível, seu pandeiro gigante, seu modo de tocar o instrumento de forma única e envolvente e seu amuleto: um abridor de garrafas que carregava pendurado no peito que facilitava o trabalho dos garçons dos bares. Foi compositor e intérprete das escolas de samba Aristocratas do Samba, Ubirajara, Madureira e Estrela D’Alva. Com sua voz imponente e arte de tocar o seu pandeiro de uma maneira única, logo seu talento foi reconhecido e Nenão do Pandeiro foi consagrado e apresentando-se nos melhores bares, clubes e casas de show da região de Campinas.
Edinho Tio Beiço. Dono de uma das maiores vozes do samba paulista, Edinho Tio Beiço é intérprete, violonista, cavaquinista e compositor. Possui hoje de um vasto repertório musical e muita cancha. Foi um dos fundadores dos grupos: Poder da Criação, Casa Caiada, Sinuca de Bico, Conexão Viracopos, além de participar do Velha Arte do Samba e de cantar junto a tantos outros grupos e músicos do Brasil. Hoje, tem acumulada uma bagagem de noites, palcos e rodas compartilhadas com grandes nomes do choro e do samba, como Monarco, Nelson Sargento, Délcio Carvalho, Fundo de Quintal, Wanderley Monteiro, Toninho Gerais, Moacyr Luz, Paulinho da Viola. Canta ao lado de músicos renomados no choro e no samba como Alessandro Penezzi, Alexandre Ribeiro, Zé Barbeiro, Roberta Valente e João Camareiro.
Berto Júnior. Nascido em Campinas, Berto Júnior iniciou sua carreira em 1974 como sambista na antiga Escola de Samba Ubirajara, mais tarde Renascença, e logo depois em 1980 no Bloco Carnavalesco Unidos do Cambuí, onde conheceu Beto Carioca. Apresentou-se em várias casas noturnas da cidade, como Senzala, May Thay, Chega Mais, Cliffi, Aparrô, Samacê, Yes Brasil entre outras. Atualmente faz shows na Casa Rio em Sousas. Trabalhou com os grupos Sexto Sentido, Boca Santa, Aparrô, Yes Brasil entre outros, e atualmente está com o grupo Canta Brasil. Apresentou-se e acompanhou musicalmente os seguintes artistas: Zeca Pagodinho; Sombrinha; Roberto Ribeiro; Neguinho da Beija Flor; Jorge Aragão; Jair Rodrigues; Monarco; Argemiro, ambos da Velha Guarda da Portela; Benito de Paula entre outros.
Ari Costa. Natural de Campinas, Ari Costa trabalhou como locutor nas rádios Educadora, Central, Brasil e Bandeirantes. Desde 2009, apresenta o programa “Eu Sou o Samba” na Rádio Educativa. Quando o samba ainda era apontado como “coisa de marginal”, Ari Costa usava as músicas de Bezerra da Silva, Beth Carvalho e Dicro como trilha de fundo para seu programa policial. Essa ação foi tão bem recebida pelo público que os ouvintes pediam para que as músicas fossem tocadas na íntegra. Foi então que surgiu o programa “Roda de Samba”, apresentado da meia noite às duas da madrugada. O sucesso foi tão grande que o programa foi passado para o horário nobre da emissora, da uma e meia às seis da tarde, de segunda à sexta-feira. Daí por diante, diversas personalidades frequentaram seus estúdios, como Zeca Pagodinho, Alcione, Martinho da Vila, Jair Rodrigues e muitos outros.
Ilcéi Mirian. O amor à música popular brasileira e a vontade de tocar cavaquinho levaram a professora de História Ilcéi Mirian a mais três habilidades em sua vida: tocar cavaquinho, cantar e pesquisar sobre a história da música. Em 1987, seu então professor de violão Dino, sugeriu-lhe participar ativamente deste universo musical. A partir daí, o cavaquinho, o canto e a pesquisa têm sido os melhores parceiros. Aproveitando a sua formação em História pela Puccamp, realiza shows temáticos com música ao vivo, como: “100 Anos de Adoniran”; “100 Anos de Noel”; “Não me leve a mal, hoje é Carnaval”; “Da Senzala à Casa Grande: A Miscigenação na MPB”; “Divas da MPB: Histórias & Canções”; “Cantando a História do Brasil”; “Recordar é viver e faz bem”; “Um Poeta chamado Vinícius”; “Cartola: Saudades do Poeta da Mangueira”; “Paulinho da Viola: O Mestre Sala do Samba”; “Elis Regina: A Doce Pimenta”; “Zeca Pagodinho: O Samba em Pessoa”; “Novos Compositores”; “Clara Nunes: Mineira, Guerreira” e “No Tempo dos Festivais”. Além disso, tem dois CDs gravados: “Samba de Batom” e “Minha Identidade”.
Aureluce Santos. Nascida em Campinas, por sua graça e presença de palco interpretou vários sambistas e encantou apreciadores de todas as idades no Projeto “Revivendo o Samba” no Espaço Cultural Evolução, no ano 2000. Neste show, Aureluce Santos cantou “Cartola” e apresentou músicas memoráveis desse grande compositor. Fez participações acompanhadas pelo pianista Jorge Cury (in memorian), Quarteto de Cordas Vocais, Samba de Raiz, Velha Arte do Samba, Tantinho da Mangueira, que participa de seu CD “Conquista, Tia Surica da Portela”, Duarte Madureira, Dona Ivone Lara e outros representantes do samba. Atualmente, prepara-se para seu grande show artístico e lançamento de seu DVD, que além de grandes nomes da música, apresentará fotos, entrevistas e momentos especiais de sua carreira.
Paulino Neves. Grande representante em Campinas do gênero de samba que ficou conhecido como partido-alto, Paulino Neves, além de letrista afiado, é da mesma escola de Bezerra da Silva, Dicró e outros sambistas que fizeram do bom humor, da irreverência e da crítica social as suas marcas. Neto de baiano e filho de carioca, e nascido em Poloni, o sambista lançou mais de 10 discos, todos produzidos e gravados de modo independente e vendido aos milhares de porta em porta, em suas andanças pelo Brasil. Paulino Neves está à frente de um espaço cultural que leva seu nome na região dos Dics. Aos sábados, comanda roda de samba cujo repertório trafega entre os clássicos do partido-alto e as composições autorais.
Ciro José. O percussionista campineiro Ciro José iniciou a carreira muito cedo. Com apenas 13 anos foi convidado a tocar zabumba no Grupo Status na qual aprendeu a tocar todas as variações de samba. Foi um dos primeiros músicos locais a realizar turnê pela América do Sul. Acompanhou e conviveu com músicos renomados como Geraldo Filme, Noite Ilustrada e Roberto Luna. Na década de 1990 participou da fundação do Pagode Vó Tiana. Atualmente lidera o conjunto Patota do Cirão cujo repertório enaltece os grandes compositores do samba e preside o Grêmio Recreativo Escola de Samba Vila Teixeira, fundada com o objetivo de reviver os belos desfiles do passado.